Tempo, Vida. Relógio. À memória dos amigos que já perdi. Aos que espero não perder. Aos que acreditam na solidariedade. NÃO SEI POR ONDE VOU ... SEI QUE NÃO VOU POR AÍ

21
Nov 08

Ontem, numa breve abordagem ao amor e à amizade, concluí com a referência de que o ombro deve ser mesmo amigo e que tudo deve ser enfrentado com um sorriso.

Ora, cumpre fazer uma «mea culpa» pois não sou de acordar sorridente e sou demasiado exigente na amizade, o que afugenta boa parte dos ditos «amigos», eles próprios entregues à árdua tarefa de sobreviver às travessuras que a vida se encarrega de nos colocar.

Todos os seres humanos podem aspirar a uma maior «perfeição», mas nunca no seu sentido absoluto que nos remete para a Ideia de Deus.

Nenhum ser humano é Deus e ainda bem, pois sempre que o pretextaram ser, a Humanidade pagou um elevado preço.

Bastemo-nos, pois, com a nossa veste de seres humanos, portadores de dores, de sensibilidade, de seres sociais que buscam ser felizes e encontrar um amor, com estabilidade - um bem cada vez mais raro numa sociedade individualista e egoísta.

Daí que, aqui e ali, se diga que se vive rodeado de desamor, de desconfiança, de recurso ao vocábulo como desafio passageiro para uma mera e momentânea troca de intimidades...

Compreendo quem alega que apenas sente dor e que tudo o que vê é desamor, como o corolário de um eterno desconfiar de quem sente que lhe pedem amor unicamente para verem se se é capaz de dar... sem a correspectiva entrega.

Dor, já todos a sentimos. E mesmo pessimista, não deixo de lembrar as palavras de uma amiga brasileira que refere: ou somos ou um dia seremos prisioneiros do mais lindo sentimento do ser humano: o Amor.

Estas palavra são assumidas por quem teve de enfrentar muitas adversidades na vida.

Isto dito, os mais pessimistas ou deprimidos têm de buscar no permanente sorriso o tónico para superar toda a amargura que porventura se aposse de seu sentir e que apenas aumenta a crise de identidade, um sentir-se inútil e até associal.

Não sejamos tão severos perante nosso próprio sentir. Se alguém nos faz mal, é apenas esse alguém que deve ser responsabilizado. Não os demais.

E um sorriso é sempre um factor de aproximação, além de relaxe.  Sorria, portanto, mesmo das suas próprias contradições ou gestos imprudentes. Na vida, tudo acaba por ser perdoado com o tempo, ou pelo menos, amenizada a dor causada.

Os outros podem oferecer o ombro amigo, mas a cruz é pessoal, só quem a sente pode saber o seu peso.

Será de excluir aqui certos casamentos ditos «de família» em que nem sabemos se a palavra amor integra a relação? Pode integrar ou não... Mas, ainda aqui, sujeito ao mais temeroso sentimento: o de nos sentirmos rejeitados. Mesmo que sem causa aparente; ou pior, pela ambição de uma relação económica mais próspera, ligando a riqueza à felicidade.

Por outro lado, ao oferecermos o nosso próprio ombro amigo, podemos ser bons samaritanos, mas também não nos cumpre viver a realidade pessoal dos outros e que não nos pertence. As decepções e mágoas fazem parte integrante do caminho.

 

Não podendo ser perfeitos, mas apenas a ela aspirantes, tentemos ser, pelo menos,  verdadeiros, coisa que o amor nem sempre alcança ou compreende.

É que o outro, ainda que desrespeitador das normais regras de um relacionamento - contrato de casamento, união de facto ou fase preliminar de namoro - é portador de ciúmes, umas vezes catalogados como sinal de amor, outras não passando de interferência imprópria e inadequada na autonomia pessoal do outro membro.

Em síntese: para ser feliz, devemos ter uma vida equilibrada; sem prejuízo da paixão, amar as coisas simples da vida, com sapiência, arte e cor.

E não tenhamos mesmo medo de ser contraditórios: Uma amiga disse-me que amizades tinha muitas - outros dirão poucas - mas o que realmente precisa, vividos já 60 anos é ser prisioneira de um grande amor. E confesso, nestas linhas repletas de contradição, que por amor se deixa o conforto do lar, a segurança de uma vida estabilizada financeiramente, se atravessam oceanos, movidos pela esperança de alcançar um AMOR.

Convivo com todas as contradições, tudo perdoo, menos a desistência daqueles que, esperança perdida, optam pelo suicídio. Não optam, têm momentos de desespero em que nem puderam reflectir nem o ombro amigo para fazer sorrir.

Estou cansado daqueles que, criminosamente, tiram a vida aos outros. As medidas punitivas deveriam ser alargadas. Mas só com tristeza vejo seres humanos de 14 anos ou de 40 tomarem tal iniciativa. 

Para quem, por depressão ou falta de visão momentânea de um caminho, tece as malhas de tal percurso, fica este desafio: amor, amizade, desilusões são parte da vida.

Da vida que é a arte de saber sorrir...

 

 

 

publicado por Manuel Luís às 10:49
música: Non ho l'étà de Gigliolla Cinquetti
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