Tempo, Vida. Relógio. À memória dos amigos que já perdi. Aos que espero não perder. Aos que acreditam na solidariedade. NÃO SEI POR ONDE VOU ... SEI QUE NÃO VOU POR AÍ

22
Nov 08

Canção de madrugar (1)

 

De linho te vesti

De nardos te enfeitei

Amor que nunca vi

Mas sei.

 

Sei dos teus olhos acesos na noite

- sinais de bem despertar –

Sei dos teus braços abertos a todos

Que morrem devagar.

Sei meu amor inventado que um dia

Teu corpo pode acender

Uma fogueira de sol e de fúria

Que nos verá nascer.

 

Irei beber em ti

O vinho que pisei

O fel do que sofri

E dei

 

Dei  do meu corpo um chicote de força.

Razei com meus olhos com água.

Dei do meu sangue uma espada de raiva

E uma lança de mágoa

Dei do meu sonho uma corda de insónias

Cravei meus braços com setas

Descobri rosas alarguei cidades

E construí poetas

 

E nunca te encontrei

Na estrada do que fiz

Amor que não logrei

Mas quis.

 

Sei meu amor inventado que um dia

Teu corpo há-de acender

Uma fogueira de sol e de fúria

que nos verá nascer

Então

Nem choros        nem medos   nem uivos

nem gritos         nem pedras    nem facas

nem fomes       nem secas       nem feras

nem ferros       nem farpas      nem farsas

nem forcas       nem cardos     nem dardos

nem guerras

 

(1) O génio e a força interior deste poeta que sempre recusou a «castração» da poesia e do poeta, levou a que os seus versos fossem cantados pelos nossos melhores intérpretes.

Esta poesia, cantada por quem apareceu e desapareceu dos meios artísticos, Hugo Maia de Loureiro, ainda é, para mim o sinal mais vivo de amor cantado à Liberdade, esse bem precioso que, não sendo bastante, é um verdadeiro pressuposto da vida em comunidade.

Acordei a  cantarolar esta dificil - e antiga - canção. e entendo que neste blogue há lugar para todos os temas que possa e saiba abordar, e, naturalmente, para a poesia, particularmente a que nos liberta.

Precocemente falecido, fica aqui a minha homenagem ao ser social., pleno de energia criativa e criadora de uma interioridade intensa e «exteorizada», quer em música, quer em declamações em que era quase inegualável.

Poema recolhido de «As palavras das Cantigas», 5.ª edição, 1989.

 

Mais palavras para quê? Todos somos beneficiários da sua obra, mesmo os que ainda a ignoram ou, devastadores desse bem imprescindível, nem se dão ao luxo de indagar aqueles que, mesmo sem a ter - os poetas sempre serão livres - nos prepararam o caminho...

 

publicado por Manuel Luís às 11:26
música: Canção de Despertar
sinto-me: a pensar nos temas por abordar

É de extrema relevância inteirarmos sobre os significados das palavras para que valorizemos cada uma proferida ou escrita por alguém.
Dicionarizando a palavra "Poesia", segundo Aurélio Buarque, (s.f. Arte de escrever em verso; composição poética pouco extensa; inspiração; o que desperta o sentimento do belo; aquilo que há de elevado ou comovente nas pessoas ou coisas...).
De modo que, a poesia nos comove e nos leva ao devaneio e a nossa alma transcede aos limites da nossa imaginação.
Parabéns pela sua sensibilidade e pelo seu bom gosto.
Cleusa Galvão........Brasília- DF
cleudf a 22 de Novembro de 2008 às 14:18

São tantos os poemas que difícil é a escolha. Como referi,escolhia pela dificuldade interpretativa e porque, simplesmente, acordei a contarolar, anos volvidos. Mas aqui e além, voltarei a José Carlos Ary dos Santos.
Manuel Luís a 22 de Novembro de 2008 às 16:51

Por ser tao grande a sua obra, orgulho-me de ser aluna de doutoramento nos Estados Unidos, mais porpriamente na UMASSD,onde Ary Doa Santos e o ponto de partida desta minha caminhada. E assim que eu quero contribuir para a divulgacao de um grande genio do qual o nosso pais se devia orgulhar. Em busca de mais informacoes sobre a sua obra deparo-me com "alguem" que tambem mantem viva a presenca de Jose Carlos Ary dos Santos.
Canto as suas cancoes; fazem-me estas lembrar belissimos momentos da minha juventude.
Cecilia Figguieredo a 5 de Julho de 2009 às 14:31

Ao reler meu comentario detectei alguns erros ortograficos sem intencao. Por tal peco desculpa.(propriamente,dos,figueiredo)
Ary dos Santos simplesmente maravilhoso.
Cecilia Figueiredo a 5 de Julho de 2009 às 15:00

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